Ela: Sua mãe morreu, seu pai é um criminoso, seu tio a odeia por ser o centro das atenções, perdendo a pessoa mais próxima por um crime cruelmente brutal, a frieza é sua única amiga, e sua única opção é escolher entre a sorte e o azar. Drogas, crimes, prostituição, loucuras e roubos, está é a sua vida.
Ele: Órfão, busca saber quem são seus verdadeiros pais, e descobre que na verdade sua mãe tentou abortá-lo e seu pai o odeia. Seu passado o persegue e ele acaba caindo em tentação. Fuga, drogas, diversão, luxo e prazer, isso é o que ele tem.
" Entenda, minha vida fica mais fácil quando não estou perto de você. "
Capítulo 1
" Você me deixou sozinha. "
Me mantinha encolhida em baixo de sua mesa do escritório, a luz apagada, janela fechada, e o meu medo do escuro e de ser encontrada permaneciam ao meu lado, repentidamente lágrimas escorriam pelo meu rosto e tentava no máximo me manter o mais quieta possível, estava ficando com sono e de vez em quando fechava meus olhos, mas acabava abrindo-os novamente por conta dos gritos altos, repentinos e raivosos dele. Ele estava perto de me encontrar.
Ouvia passos rápidos vindo de trás da porta, funguei meu nariz e olhei para os lados, me certificando de que estava sozinha. Olhei para a madeira que estava por cima de minha cabeça e fechei meus olhos, pedi ajuda, pedi para que acabasse logo tudo isso, rezei, implorei, suspirei e sussurei " DEUS não deixe que ele me machuque, por favor!", virei e apoiei minhas mãos no chão segurando meu peso e me equilibrando, deitei no chão sujo, acabei tossindo um pouco mas não liguei, me encolhi mais, agarrei minhas pernas e fechei meus olhos, acabei pegando um cochilo.
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- CADE AQUELA VADIAZINHA?, ELA VAI ME PAGAR CARO - escutava os berros de olhos fechados, acho que me mantive cochilando por não mais que uma hora - VOCÊ RABISCOU, PICOTOU E JOGOU COLA NOS MEUS PERTENCES, EU VOU TE ACHAR FLOR, UMA HORA EU TE ACHO, E VAI SER PIOR PRA VOCÊ! - ouvi o estrondo da porta batendo contra a parede, abri rapidamente meus olhos, tapei meu nariz e prendi a respiração, mais lágrimas corriam por meu rosto, hoje não era meu dia de sorte, na verdade... Nunca foi.
Flashback ON:
Estava sozinha em casa novamente, cansada de assistir ' Dora A Aventureira ' me levantei e peguei meus papéis de colorir em cima da bancada da pia, corri para a sala e joguei tudo no chão, vi uns papéis amarelos mas não dei importância, peguei minha cola, tesoura e os dois giz de cera e fiz minha 'obra de arte'.
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Eu não havia feito isso de propósito, estava no meio de minhas folhas para colorir e acabei pegando as suas por engano, e quando percebi que eram dele corri até seu quarto com as folhas na mão, joguei-as por cima da cama, desci peguei o copo de café que sempre pegava e levei ao seu quarto, era sempre assim, levara o café ao seu quarto e quando ele chegasse não havia reclamações, era algo que sempre fazia, mas me mantive com os pensamentos tão longe disso que acabei tropeçando em meu chinelo e derrubando a xícara e o café, a xícara rapidamente foi ao chão em cacos, e o café sobre seu edredom e suas folhas, me desesperei e comecei a gritar, tente de todas as formas desfazer a burrice, mas era tarde demais, escutei o barulho do seu carro, corri até a janela e lá estava ele estacionando-o, corri e peguei sua blusa de hóquei preferida, era a primeira do meu campo de visão, me ajoelhei e abri ela, joguei ela aberta no chão e fui passando e pegando os cacos e o pouco café derramado no chão, empurrei tudo em baixo de sua cama, me levantei e peguei seus papéis, abri sua gaveta e coloquei-os lá dentro, puxei o edredom e me enrolei toda com seu tamanho, mas consegui jogá-lo junto com sua blusa e o café, desci as escadas correndo e pude ouvir o barulho da chave na tranca da porta, corri para seu escritório e me enfiei debaixo da mesa, esperei.
Por 10 minutos o barulho naquela casa era desconhecido, suspirei de alívio, ele poderia não ter percebido oque fiz, ia colocando os pés fora da mesa quando rapidamente voltei a mesma posição depois de ter ouvido seus gritos.
- FILHA DA PUTA - a partir daí, meu medo foi ao extremo, sempre tive medo dele, ele sempre arrumou desculpas para me bater, isso parecia dar prazer a ele, nunca era quando minha mãe estava ausente, se ela visse isso iria começar a implorar que parasse e acaria apanhando também, mas sua voz estava mais alterada, parecia que era aquele momento o meu fim.
Flashback OFF.
- Aparece flor, eu juro que não vou fazer nada com você - não me movi, sabia que ele estava me enganando - APARECE SUA CRETINA. - soltei meu ar, a acho que foi alto, pois seus passos se aproximaram da mesa e vi parte de seu rosto por cima da mesa, ele me olhava com raiva, mas deixou um sorriso brotar em seu rosto, fiquei apavorada. - Olá minha flor, te encontrei. - ele veio a minha frente e se ajoelhou, continou sorrindo e parte de mim começou a achar que ele não me faria mal - Vem aqui comigo flor, eu não vou te machucar.
- Vo-Você jura que não vai m-me machucar? - gaguejei e fui me levantando.
- Sim - ele estendeu sua mão e pegou a minha me puxando, sorri e sai debaixo da mesa, logo me arrependendo - Não vou te machucar... Apenas... Brincar um pouco com você! - Vi sua expressão séria e logo depois senti algo no alto de minha cabeça, me fazendo ficar desacordada.
...
Acordei meio tonta, levantei a cabeça e estava sozinha no seu quarto, estava de pés e mãos atados sobre a cadeira, vi que o edredom, sua camisa e os cacos da xícara estavam a minha frente, estava prestes a chorar quando o vi parado na porta, segurei o choro, chorar em sua frente seria pior.
- Você acordou minha flor - ele estava de regata branca, jeans e descalço, tentei puxar minhas mãos e pernas, mas elas estavam apenas apertando mais sobre meu corpo - Na-na-ni-na-não flor, por que você quer tanto fugir? Você não queria brincar? então vamos brincar um pouco! - ele segurava uma xícara de café igual a que eu quebrara a poucas horas atrás, seu café deveria estar quente, pois a fumaça era muito visível, ele notou que eu olhava e colocou a língua no café, fez uma careta e cuspiu! - hmmnn, isso está realmente muito quente, você quer flor? - ele se aproximou e colocou o café em minha frente - você está se comportando, talvez eu deixe você beber tudo - Não sou fã de café, mas não queria apanhar dele, ele bate muito forte, meu corpo era marcado, e todas as cicatrizes eram suas marcas de 'obediência' que ele deixava em mim, ele aproximou a xícara de meus lábios e foi levantando-a, quando estava perto de começar a tomar aquele líquido amargo, ele derramou tudo por cima de mim, meus olhos arderam, meu corpo estava dolorido, estava grudenta, e o choro já começara. - Não, não minha flor, não chore! - ele acariciou minha bochecha - a brincadeira está só começando, então... Qual será o próximo brinquedo? - não entendi e abaixei a cabeça, ainda estava chorando e naquele momento eu apenas queria minha mãe.
- ANDA - ele gritou e agarrou forte meus cabelos, erguendo minha cabeça - ESCOLHE LOGO ESSA PORRA E PARA DE CHORAR, SUA VAGABUNDA. - o café ainda queimava meu corpo e meu couro cabeludo ardia. - VAI FICAR CALADA? - não respondi - tudo bem então! - ele soltou meus cabelos e saiu do quarto, tentei me soltar, a cada lágrima derrubada era um desespero a mais, ouvi o barulho da escada rangendo ao movimento de seus pés e sussurrei baixinho "socorro", ele entrou e em sua mão tinha uma garrafa, tesoura e uma faca, me assustei.
- Você gosta de destruir as coisas dos outros não é flor?
- Eu não sabia Claide, por favor me desculpe, eu não sabia! Eu arrumo tudo, mas por favor não faz nada comigo! - chorava, soluçava e falava
- Para uma garota de 8 anos você é bem espertinha, não? - ele me olhou e deixou a garrafa na escrivaninha, se aproximou com a faca e a tesoura, a tesoura ele deixou sofre a cama e chegou com a faca perto do meu rosto - Sabe... - ele encostou a faca perto de minha bochecha e foi descendo por meu pescoço e ombro - nós estamos sozinhos, e bem eu nunca brinquei com você, sua mãe nunca deixou - sorriu e passou a faca lentamente sobre meu braço, agarrou meu queixo e fechei meus olhos - olhe para mim flor - nada - OLHE PARA MIM - ele empurrou mais a faca no meu braço e a mexeu um pouco, o sangue escorria pelo meu braço e eu ficava mais apavorada, abri meus olhos de imediato. - olhe para mim quando eu estiver falando com você flor, gosto quando conversam comigo olhando em meus olhos, e os seus ainda mais, eles são grandes e castanhos eu fico fascinado - ele levantou a lateral da faca e enfiou um pouco mais da ponta em meu braço.
- CLAIDE POR FAVOR PARE, ESTÁ DOENDO MUITO!
- Shhhh - ele colocou o dedo sobre meus lábios e retirou rapidamente a faca, gemi de dor! - não grite flor, aliás, você sabia que eu não iria deixar barato o estrago que fez!
- ME DESCULPE, EU NÃO FIZ DE PROPÓSITO!
- cala a boca, CALA A BOCA! - ele arrastou a faca de leve em minha barriga que estava coberta por minha blusa azul e o que era azul, agora estava vinho, chorei baixinho e ele jogou a faca longe! - aí flor, você está riscada, igual aos papéis! - ele apontou para os papéis jogados no chão e riu.
- Você quer me matar? - chorava e soluçava, ele demorou a compreender minhas palavras.
- Não, magina flor! - ele pegou a tesoura - estamos apenas brincando, lembra? - ele segurou minha mão, acariciou ela e deu um beijo na palma - Sua mão é tão macia flor! - ele abriu a tesoura e meus dedos, tentei tirar minha mão da sua mas acabei levando um soco em troca. - Você não vai fugir! - chorei alto e gritei que ele parasse, foi em vão, senti ele passar a tesoura entre meus dedos e gritei de dor, isso era música aos seus ouvidos, o sague descia por minha mão e braço, ele repetiu o ato na minha mão esquerda sempre cortando ' a pelinha' entre um dedo e outro, gritava, esperniava, implorava para ele parar e que acabasse logo, ele iria me matar aos poucos! -Você gosta de cortar coisas flor, bom... eu também! - ele jogou a tesoura pelo ar e suspirou. Ele foi até um canto e pegou um papel e um isqueiro, se ajoelhou em minha frente e me olhou nos olhos, levantou o papel e o isqueiro e o acendeu, aproximou o isqueiro do papel e o mesmo rapidamente começou a pegar fogo, arregalei meus olhos, e abri minha boca, seus olhos ainda estavam grudados nos meus, ele levantou mais o papel e o deixou abaixo no meu queixo, rapidamente minha pele começou a queimar.
-CLAIDE PARA, TA DOENDO, CLAIDE POR FAVOR! CLAIDE EU NÃO FIZ POR QUERER, CLAIDE PARA! - meus olhos ardiam por conta do café e das lágrimas, tentei virar meu rosto mas ele sempre o acompanhava com o papel - EU FAÇO OQUE VOCÊ QUISER, CLAIDE! - gritei um pouco mais alto - EU QUERO MINHA MAMÃE, EU NÃO GOSTO DE VOCÊ, MÃE ME AJUDA! - fechei meus olhos e já comecei a sentir a pele abaixo do meu queixo enrugar, talvez estivesse começando a ficar preto, estava desesperada, puxei e empurrei meus pés novamente tentando me soltar, não consegui novamente.
- SUA MÃE NÃO VAI TE AJUDAR... então ... oque você quer flor? - balancei a cabeça rapidamente de um lado ao outro - ME RESPONDE - foi quando pela primeira vez na minha vida, senti minha bochecha queimar, estava com medo, ódio, raiva e triste, minha mãe me abandonou com esse monstro e ele está me queimando, cortando, acabando comigo, me batendo, ele está conseguindo oque sempre quis, me matar. - VOCÊ SABE QUE EU NUNCA GOSTEI DE VOCÊ - ele apagou o fogo do papel e o amassou, pegou os fios de cabelos que ficavam no 'final' de minha cabeça e os puxou com força, muita força - VOCÊ É IGUAL A SUA MÃE, AS DUAS NÃO PRESTA! - ele cuspiu em minha cara - E PARA DE CHORAR SUA VADIA - senti minha outra bochecha arder, ele me deu outro tapa na cara, e minha mamãe permitiu isso. - VOCÊ SABE QUE NÃO GOSTO QUANDO VOCÊ MEXE NAS MINHAS COISA, VOCÊ SEMPRE ME DESAFIA, VOCÊ GOSTA DE APANHAR NÃO É?
- neguei - para com isso, não me machuca por favor, por que você gosta de machucar? eu nunca te fiz nada!
- VOCÊ ME PROVOCA, EU TENHO NOJO DE OLHAR PRA SUA CARA, ACHA QUE ALGUÉM GOSTA DE VOCÊ? - aquilo doeu mais que a faca, tesoura e o fogo juntos, eu era feia, então esse era o problema - VOCÊ VAI SOFRER GAROTA, ESCUTA OQUE EU ESTOU TE FALANDO - ele olhou em meus olhos e sorriu logo em seguida - posso acabar aqui e agora com sua dor, você não vai sofrer, nem se machucar flor, prometo que vou ser rápido! - ele soltou meu cabelo e minha cabeça cambaleou um pouco para o lado, ajeitei a postura.
- CLAIDE, OQUE VAI FAZER? - berrei e soltei um soluço. Ele rasgou parte do seu edredom e se virou pra mim sorrindo, arregalei os olhos e neguei - NÃO FAZ ISSO, CLAIDE PARA, FAÇO TUDO OQUE ME MANDAR, SÓ NÃO FAZ ISSO! - ele gargalhou, ele realmente estava gostando daquilo.
- vai ser rápido, eu só quero acabar com seu sofrimento, não quero envelhecer e saber que minha entiada virou uma vadiazinha, não quero descobrir que partiram seu coração flor - ele amarrou um pedaço do edredom cortado com o outro, deixando um circulo no dentro, se aproximou e puxou minha cabeça pra frente, gritei e me remexi, esqueci que estava amarrada e tentei chutá-lo, quando apenas consegui afrouxar um pouco meus pés, desisti e mordi sua mão, ele gritou e agarrou meu pescoço - você quer jogar duro? então assim seja - ele apertou um pouco e conseguiu passar o pano por minha cabeça - foi bom você destruir minhas coisas flor - ele agarrou dos dois lados do pano e puxou um para a esquerda e o outro para a direita, me enforcando, tentei implorar que parasse mas nada saiu, meu rosto queimava e meu pescoço doia, era meu fim, seu rosto era sério e conseguia ver suas veias no pescoço e na testa, sinais da força que vazia, parei de lutar e soltei meu corpo, meus olhos bobearam e já iam fechando quando vi de relance minha mamãe, ela tinha uma frigideira na mão e conseguiu acertar a lateral da cabeça de Claide, a pancada não foi tanta, mas foi o bastante para ela conseguir me desamarrar a tempo, ele caiu de lado e o pano do meu pescoço se afrouxou, finalmente respirei fundo e soltei o ar, vi no rosto de minha mãe e ela estava apavorada, não tive reação, esperei que ela vinhesse me salvar antes daquele pesadelo acabar, mas não, ela veio no último momento, ela quase me deixou morrer, naquele momento deixei o sentimento por minha mãe ser destruido, ela já apanhou por mim, ela já fez isso para que quem não apanhasse fosse eu, mas ela me abandonou no meu útimo momento e eu nunca vou perdoá-la por isso.
- OH MINHA FILHA, eu vou te tirar daqui, mamãe promete - ela puxou a manga de sua blusa de frio e passou em meu rosto, tirando o cuspe - vou acabar com esse inferno, ele não irá te machucar novamente, eu prometo! - ela disse ofegante, desamarrando com um pouco de dificuldade meus braços e pernas, olhei em seus olhos quando finalmente ela me desamarrou e estava livre, passei a mão por meu pescoço e mexi minhas pernas, Claide já estava se levantando. O choro sumiu, e meu rosto estava banhado de lágrimas secas, café e derrota.
- Não me prometa oque nunca vai cumprir! - disse seca, ela me olhou assustada e vi seus olhos lagrimejarem, uma lágrima escorreu por seus olhos, eu a magoei, mas não dei importância, estava seca, e arrependida de ter um dia a amado e a ter considerado minha mãe, antes que ela dissesse algo, Claide a puxou pelos cabelos, virei o rosto, não queria ver aquilo, escutava os gritos de minha mãe implorando que parasse, e de Claide berrando com ela que iria dar uma 'lição' a ela, corri até a porta e me virei para ver a cena, me assustei quando percebi que gostei daquilo, minha mãe estava no chão e Claide mantinha seu joelho em sua barriga, esmagando-a e apertando seu pescoço.
Flashback ON:
- Eu ... eu estou grávida Claide. - sua voz vacilou, estava na sala e fiquei com sede, Claide e ela haviam ficado na cozinha sozinhos, estava próxima a cozinha quando ouvi aquilo, me encostei na parede e sorri, eu ia ter um irmãozinho, eu realmente ia ter um irmãozinho.
- VOCÊ OQUE? - Claide berrou
- E-eu estou g-grávida Claide - ela gaguejou, parecia estar nervosa, encostei meu rosto na parede e estiquei um olho me dando a visão perfeita do que acontecia na cozinha, vi Claide se levantando e indo em direção a minha mãe, sai de onde estava e entrei na cozinha.
- NÃO TOQUE NELA CLAIDE! - gritei e os dois me olharam, Claide com raiva e minha mãe admirada com minha coragem, as vezes achava que ela se culpava e se sentia estupida por ter uma filha mais corajosa que ela. Vi Claide mudando de rumo e corri para o meu quarto, entrei no mesmo e o tranquei, pude ouvir os gritos dos dois, mas não me importei, eu iria ganhar um irmãozinho, sorri feito boba e adormeci ali mesmo, sentada e encostada na porta.
Flashback OFF.
Claide enforcava minha mãe e eu fiquei na porta imóvel, quando vi o olhar de minha mãe em cima de mim, demorei um pouco para compreender seu pedido, ela pedia que eu fosse pedir ajuda, dei de ombros e dei uma última olhada nela, abri a boca e a mexi sem que saísse nem um som, as únicas palavras que ela nunca esperou que fossem ditas por mim sairam inesperadament " eu te odeio, mamãe " e corri, deixando os dois no quarto.
7 anos depois
Estava sentada em um dos bancos daquela curta mesa, sobre ela estavam dinheiro em excesso, quilos de maconha, heroína, cigarros, bebidas, camisinhas usadas e lacradas, não me importando arranjei um canto meu e fiquei fumando cigarro, era fraco mas era apenas isso que queria hoje, já fumei de tudo, de tudo mesmo, desde pó à cachimbo, morava no apartamento das Laurense's, ele era pequeno e sujo, mas dava para se aconchegar, apoiei o cotovelo na mesa e fechei os olhos, ainda tragando no cigarro, lembrei-me de como consegui vir parar aqui, e de como tudo começou.
Flashback ON:
Sai de casa desesperada, atravessava as ruas sem olhar e em troca recebia uma chuva de buzinas e gritos, estava machucada, cansada e com fome, precisava de ajuda, estava anoitecendo, já deveria passar das 20:00 andava pelas ruas recebendo olhares estranhos, fiquei com raiva, não gostava quando me olhavam daquela maneira, eles me olhavam com certo... nojo. Acabei entrando em um beco sem saída, tudo era escuro e a única luz que havia estava do outro lado do corredor, comecei a chorar e gritar, chutava as paredes para tentar descontar a minha raiva, quando escutei uns cochichos e me virei rapidamente, fiquei assustada, esfreguei meus olhos e os apertei, duas sombras estavam na luz e se aproximaram, dava passos para trás quando pisei em falso e cai de bunda, doeu mas não tirei os olhos das sombras, uma mulher que usava um salto alto e um curto vestido verde saiu do corredor e estava em minha frente, em suas mãos tinha dinheiro, muito dinheiro, ela gritou 'Carmem' e voltou a me olhar, quando uma mulher com um traje parecido mas preto e uma quantidade a mais nas mãos apareceu, me olhou e sorriu, elas pareciam me conhecer.
- De onde vocês me conhecem? - perguntei e me levantei rapidamente.
- Não te conhecemos querida, eu sou Cris e esta é minha irmã Carmem, costumamos andar por esse beco sempre que estamos a caminho de casa, desculpe, eu te assustei? - neguei e voltei a chorar, me ajoelhei e cubri meu rosto, elas tinham uma casa... e eu não. - não querida não chore... cade a sua mãe?
- eu não tenho mãe - retirei as mãos do rosto e a olhei, ela estava ajoelhada em minha frente e segurava minhas mãos, ela olhou para Carmem e a outra se ajoelhou ao meu lado também.
- você está sozinha? - Carmem perguntou, assenti - quantos anos você tem?
- Oito - limpei meu rosto com as costas de minha mão - ela deixou Claide me bater. - as mulheres se afastaram
- Você conhece Claide? - Cris se adiantou
- Sim, vocês também o conhece? Ele é um monstro.
- Sim querida, conhecemos ele e sim ele é um monstro. - disse Carmem.
- Venha - Cris me puxou - Vamos te levar pra casa e cuidar de você. Carmem concordou, não sei para onde elas me levariam mas fui, confiava nelas.
Mas tarde chegamos ao apartamento delas, era um prédio quase abandonado e haviam poucos moradores, quando entrei no apartamento ele fedia, pacotes brancos lotavam o apartamento, e haviam garrafas de bebidas no chão e mesa. Cris viu que o mal cheiro me incomodava e ficou na minha altura.
- O cheiro de maconha não é tudo isso quando você não usa, mas quando você se acostuma o cheiro é ótimo... então querida, está com fome? - assenti e as irmãs me levaram a cozinha, me deram comida e cuidaram dos meus ferimentos, se assustaram um pouco com meu queixo, braços e barriga, que é onde mais estava machucado, também massagearam meu pescoço para que não ficasse dolorido, elas me deram banho e arrumaram um short e uma blusa de Carmem que por incrível que pareça serviu em mim, depois me colocaram deitada em uma cama, elas cuidaram de mim, me alimentaram, me limparam, elas gostaram de mim, e fizeram coisas que minha mamãe nunca teve a audácia de fazer, elas eram minha nova mãe, era estranho ter duas mães, mas sabia que podia confiar nelas, que elas cuidariam de mim, tão bem quanto Samantha não cuidou, e naquele momento soube... eu havia ganhado outra casa, uma família e uma nova vida.
(...) Estava com 12 anos, vagava diariamente pelos becos de Manhattan, tinha pessoas próximas, não que eu os considerase meus amigos, passei 4 anos com as Laurense's, elas realmente conheciam Claide, elas eram garotas de programa, conheciam todos do bairro e todos os seus ... 'clientes', no dia em que elas me ajudaram sabia que teria que me virar sozinha, elas eram prostitutas, a parte boa disso era que ficava sozinha em casa, e a parte ruim era que ficava sozinha em casa, novamente, como sempre foi. Antes de completar 12 anos comecei a fumar, ficava sozinha em uma casa lotada de drogas oque eu iria ficar fazendo? olhando os ratos invadirem a casa dos nossos 'vizinhos' ou admirando 'unicórnios' que insistiam em me visitar diariamente? admito que gosto desta vida, era assim, saía - conhecia gente nova mas não agradável, no entanto eu gostava - me metia em roubada - voltava pra casa - fumava - esperava as Laurense's, chegar e finalmente ia dormir, ou melhor, ia ter pesadelos.
(...) Com 14 anos ficava sempre indo a escola pública do norte de Manhattan, sentava em frente a escola e quando todos saíam de lá eu ficava os olhando, confesso que tenho saudades de frequentar uma, apesar de nunca ter me aproximado de ninguém, o contato humano me alegrava, sentia que estava segura, nunca mexeram comigo e isso é uma grande vantagem, mas sempre acabava me lembrando daquela noite, "feia" "sofrimento" "dor", três palavras em uma única frase, era por isso que não tinha amigos, desde meus 8 anos, lembro-me de Claide me dizendo que não gostava de mim e que não suportava me olhar, foi quando olhava a movimentação dos outros em frente a escola que senti uma lágrima escorregando por minha bochecha, não reagi, pisquei e continuei olhando todos quando senti uma mão em meus ombros, me virei assustada e um garoto aparentando a mesma idade que a minha se sentou ao meu lado, no começo fiquei o encarando, ele era um tanto quanto louro, branquelo, seus olhos eram azuis e ele era realmente muito lindo, ele estava de perfil, com o uniforme da escola, suas mãos permaneciam encruzadas e ele parecia triste.
- Você é daqui? - ele perguntou, finalmente me encarando. Não respondi. - Você não fala? - fiquei em silêncio - então tá, eu já vi em uns videos e filmes como é isso, não sei muito bem mas posso tentar. - ele sorriu e começou a fazer uns gestos com a mão, ele realmente estava fazendo aquilo? ele achava que eu era muda? comecei a rir e tive uma lembrança de quando estava com minha mãe.
Flashback ON:
- Mamãe não pare - gritei e sorri -
- Não se preocupe minha linda, mamãe vai continuar pedalando - ela sorriu de volta, estava boba, minha mãe pedalava e controlava aquele pato gigante em que estávamos, gritava e gargalhava, de vez em quando ia para a borda e tocava a água gelada, estávamos em um parque, em cima de um pato no rio, minha mamãe pedalando e eu rindo, eu a abraçava e a beijava, e ela sempre me retribuia, aquilo estava sendo bom, bom demais para ser verdade, escutamos Claide nos gritar e viramos, ele estava nos olhando com raiva, mamãe me olhou e me pegou no colo, pedalou até a borda do rio e antes que saíssemos, Claide a pegou pelo braço e nos arrastou ao carro, chegando em casa ele levou minha mãe ao quarto, ouvia seus gritos de dor e fiquei quieta lá em baixo, Claide abriu a porta e saiu, minha mãe estava chorando, ele veio em minha direção e me levou ao meu quarto, quando passei em frente ao de minha mãe, corri até ela e a abracei, ela retribuiu, e logo Claide me pegou pelos cabelos e me arrastou ao meu quarto, naquela noite eu apanhei, assim como na noite anterior, ele parecia estar bebado, e o dia que era para acabar com risos e alegria, acabou com tristeza e dor.
Flashback OFF.
Me levantei rapidamente e limpei minha roupa, ia me virando quando o estranho me puxou pelos braços.
- Oque é? - perguntei raivosa.
- Te fiz alguma coisa?
- Não sou muda, e me solta garoto, eu nem te conheço! - me soltei e comecei a andar quando ele me puxou novamente. - Qual é o seu problema?
- Qual é o seu problema? Não te fiz nada e você começou a se comportar de uma maneira estúpida comigo. - o olhei nos olhos, soltei meu braço de sua mão, e fiquei parada em sua frente, de braços cruzados.
- Eu só não... tenho costume de fazer amizades! - nunca pedi desculpa a ninguém, e não seria desta vez que iria pedir.
- Tudo bem, eu te entendo - ele relaxou e passou a mão pelos cabelos.
- Tenho que ir. - ele me olhou e negou.
- Mas eu nem sei o seu nome! - ele gritou enquanto eu ia saindo de perto dele.
- Kristen, Kristen Madoxx! - sim com dois 'x' no final.
- Ah, eu sou Jake... Jake Fisher! - ele gritou um pouco mais alto e acenei, quando estava próximo de chegar em casa, sorri, eu havia feito um amigo, eu realmente havia feito um amigo.
(...)Sorri, mesmo com lembranças ruins em meu pensamento eu sorri, me lembrar de Jake havia me deixado feliz, ele foi a única pessoa que me fez sorrir além de minha mãe, e a única vez em que sorri foi quando estávamos no parque, oque não foi um dia legal, mas Fisher me trouxe devolta o sorriso, nesse tempo em que ficamos amigos descobri muito sobre ele, e ele sobre mim, eu sempre ia a escola para vê-lo e conversar com ele, de vez em quando ele cabulava aula para andar comigo, eu gostava dele mas não conversávamos à dois meses, havia parado de ir a escola, não sei oque me deu, mas eu simplesmente não conseguia mais ir até lá, ainda era 13:07 ele poderia estar lá, me esperando e bom... hoje é 14 de fevereiro, meu aniversário e ... o dia dos namorados.
Vesti uma jaqueta que ganhei de Cris a poucos dias e peguei a chave, sai e tranquei a porta, desci as escadas, atravessei a rua e lá estava eu, indo a caminho da Loockwarts School. No meio do caminho, apaguei o cigarro que já estava no fim e joguei no chão, estava próxima a escola. Chegando ao meu local favorito, avistei um garoto louro sentado no meu cantinho e no do Jake, me irritei e me aproximei do garoto
- Quem é você e oque faz aqui? - berrei e o louro se virou sorrindo, relaxei e sorri de volta, era Jake. Ele se levantou e notei que havia uma caixa em sua mão, estranhei e ao mesmo tempo o ciúme pegou, hoje era o dia dos namorados, ele deveria ter achado uma namorada, DROGA.
- Pensei que nunca mais iria te ver! - ele me abraçou, retribui. - Oque ouve? Porque você se afastou? - ele perguntou preocupado.
- Eu... eu não sei. - olhei triste para ele, era melhor eu ter ficado em casa, notei também que ele estava normal, usava uma regata bege coberta por uma blusa de frio verde, um jeans rasgado, e seus tênis, ele estava charmoso e... Sexy. O presente ainda estava em sua mãos e ele o apertava mais ainda.
- Você está doente?
- Não, eu estou bem! - lembrei-me de quando disse que fiquei uns dias longe por estar com problemas de saúde, na época eu era tão sozinha que meu único amigo era as drogas.
- Bom, vamos sair daqui, vamos à algum lugar mais reservado. - ele me puxou pela mão e eu o segui.
- Para onde vamos? - ele riu
- Você é curiosa!
- Ué, eu só quero saber para onde vai me levar, como vou saber que não vai querer me levar a algum lugar e me machucar? - revirei os olhos e fui puxada para trás, ele havia parado de andar, olhei em seus olhos arrependida, e quando ia falar ele me cortou.
- Confia em mim? - demorei a responder, mas assenti, ele fechou os olhos, apertou minha mão e sorriu. - ainda não acredito que estou saindo com Kristen... a incrível e indomável Kristen Madoxx.
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Bom não sei se irei continuar a postar aqui, lá já está no 4º capítulo, se quiserem acompanhar mais rápido lá, bjs até o próximo e aaaaaaaaaaaaaaaa.....
VEJAM O TRAILER (se ainda alguém vê o site, bjs): Trailer
amei continua
ResponderExcluircontinuaaa continuaaa
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